sexta-feira, 5 de julho de 2013

Emprego em alta nos EUA faz Bovespa terminar semana em baixa

Os mercados emergentes sofreram nesta sexta-feira com a notícia de que a geração de emprego nos Estados Unidos, o "payroll", veio acima do que os economistas esperavam. A bolsa brasileira chegou a cair mais de 3% diante do forte movimento de vendas por parte dos investidores estrangeiros. Notícias negativas para algumas empresas, como Usiminas, Braskem e Petrobras, e também ruídos vindos do governo, ajudaram a reforçar a queda por aqui.

"Além do dado de emprego em junho vir forte, o número de maio também foi revisado para cima, o que reforça a expectativa de que o Fed [banco central americano] comece a reduzir os estímulos à economia americana em breve", afirmou o estrategista da Fator Corretora, Paulo Gala. Foram gerados 195 mil empregos em junho, acima da projeção de 160 mil vagas feita pelos economistas. O número de maio foi elevado de 175 mil para 195 mil empregos.

"Houve um ?sell off' [venda generalizada] nos emergentes. As moedas da Turquia e da Índia atingiram suas piores cotações em quase seis anos. Vendo deste ângulo, o Brasil ainda tem espaço para cair mais", observa Gala, ao lembrar que o dólar está no maior preço frente ao real desde abril de 2009.

A aversão ao risco político também continuou em alta. Logo cedo, o ministro Guido Mantega disse em entrevista à TV Globo que o corte no orçamento deverá ficar abaixo de R$ 15 bilhões. Bastou a Presidência da República informar uma mudança na agenda de Dilma Rousseff no meio da tarde, incluindo uma reunião com o ministro Guido Mantega, para os mercados melhorarem sensivelmente por aqui.

O Ibovespa reduziu as perdas e o dólar passou a cair, com especulações sobre o encontro, desde o anúncio de um pacote fiscal até uma possível demissão do ministro. Poucos minutos depois, Mantega deu entrevista coletiva em seu ministério e fez comentários a respeito do dólar e da inflação.

O ministro confirmou que o governo estuda reduzir as alíquotas de importações de alguns insumos, como o aço e resinas, mas que a mudança não acontecerá agora. O tema foi levantado em reportagem de hoje de "O Estado de S.Paulo" e afetou diretamente as ações de siderúrgicas, como Usiminas PNA (-9,41%) e da petroquímica Braskem PNA (-4,64%).

O Ibovespa caiu 1,21%, para 45.210 pontos, depois de marcar mínima nos 44.107 (-3,6%). O volume financeiro alcançou R$ 7,761 bilhões. Segundo operadores, os estrangeiros atuaram pesado na ponta vendedora. Desta forma, a bolsa brasileira fecha a primeira semana de julho com recuo de 4,73%. No ano, a perda acumulada alcança 25,83%.

Entre as ações de maior peso, Vale PNA caiu 1,92%, a R$ 26,45, enquanto Petrobras PN recuou 5,07%, para R$ 15,15. Entre as ações ON - preferidas dos estrangeiros - a baixa foi ainda maior: Vale ON perdeu 2,61%, a R$ 28,70; e Petrobras ON mostrou recuo de 6,10%, a R$ 13,68.

As ações da Petrobras caíram mais forte em reação à manchete do Valor, de que as regras para o leilão do campo de Libra criam dúvidas e elevam custos para a estatal. Segundo a reportagem, a decisão de cobrar um preço alto pelo petróleo de Libra aumenta os compromissos de investimento da empresa neste ano.

Em relatórios, os analistas do UBS afirmaram que o bônus de assinatura de R$ 15 bilhões pelo petróleo de Libra embute um custo elevado a troco de "baixa visibilidade e retornos incertos". Pela regulamentação, a Petrobras ficará com pelo menos 30% de cada bloco leiloado, o que embute um pagamento mínimo de R$ 4,5 bilhões no leilão. A estatal já sinalizou que pretende ficar com uma fatia superior a isso. 

Além de o preço ser considerado elevado, o desembolso ocorreria num momento complicado para companhia, com fluxos de caixa pressionados pelo dólar elevado, que encarece não só o diesel e gasolina comprados no exterior, como a dívida da empresa, ressalta o banco.

Vale também sofreu com notícia do Valor, sobre o projeto do marco regulatório de mineração, que recebeu mais de 340 emendas e corre o risco de não ser aprovado no prazo de urgência de 90 dias, como esperava o governo.

Já OGX ON chegou a cair de manhã, mas terminou entre as maiores altas do dia, com ganho de 8,51%, ao lado de MMX (14,28%). O mercado segue otimista com a possibilidade de reestruturação do grupo de Eike Batista e a saída do empresário do bloco de controle.

Gafisa ON (5,66%) também subiu forte. O BTG Pactual elevou a recomendação das ações, de neutra para compra, e subiu o preço-alvo, de R$ 4,40 para R$ 4,60. A casa de análise afirma que, apesar de a empresa ter anunciado no mês passado a tão esperada venda da Alphaville, os papéis da Gafisa recuaram 35% desde a notícia, abaixo do desempenho dos principais pares de mercado. O BTG diz ter aproveitado a oportunidade para elevar a recomendação para compra, sobretudo pelo potencial de valorização dos ativos.

"Em nossa opinião, o mercado parece ter tomado como certo de que a Tenda continuará destruindo o valor aos acionistas da Gafisa. Enquanto isto pode certamente ser possível, vemos um punhado de rentabilidade com a recuperação dos lançamentos, a normalização da margem e a diluição dos custos gerais e administrativos", dizem os analistas Marcell o Milman e Gustavo Cambauva.

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